
Curso da UFG aborda políticas sobre drogas voltadas para o idoso
Histórico CRR - O Centro Regional de Referência para Formação Permanente sobre Drogas irá compartilhar sua história, trazendo toda semana um fato marcante. Nesta, o curso "Atualização em Políticas Públicas sobre Drogas" oferecido pelo CRR, ocorrido em maio de 2015.
Profissionais da Secretaria Municipal de Assistência Social e líderes comunitários idosos participam da capacitação
Texto: Lorena de Sousa e Serena Veloso
Fotos: Carlos Siqueira e Caroline Almeida
O envelhecimento e as situações que inserem os idosos em um contexto de vulnerabilidade, como abuso do álcool e das drogas, ainda são tratados com certo distanciamento pelo poder público. Assim, com o objetivo de chamar a atenção para essa realidade, o Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Envelhecimento (Nepev) e o Centro Regional de Referência para Formação Permanente sobre Drogas (CRR), ambos da UFG, realizaram dois cursos de Atualização em Políticas Públicas sobre Drogas. A abertura das duas atividades aconteceu na última segunda-feira, 04/05, em dois locais: às 8 horas, na Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), e às 13h30, na Faculdade de Educação Física e Dança (FEFD) da UFG.
Diversos profissionais da Semas que trabalham com a assistência social ao idoso participaram de um dos cursos, cuja primeira aula tratou das Políticas Públicas no Enfrentamento em Crack, Álcool e outras Drogas. No período vespertino, líderes comunitários idosos, que já estavam incluídos em projetos de extensão da FEFD, puderam discutir a necessidade do uso contínuo de medicamentos e o controle do uso de drogas.
Presente na abertura do primeiro curso, o vice-reitor da UFG, Manoel Chaves, parabenizou a iniciativa e destacou a atuação do Nepev e do CRR na tentativa de fortalecer as discussões sobre o processo de envelhecimento e qualidade de vida. “Temos procurado fazer com que a Universidade esteja mais próxima às questões sociais como instituição pública”, enfatizou.
Para a coordenadora do CRR, Tânia Maria da Silva, os cursos auxiliam na quebra de tabus sobre o assunto e colaboram na construção de propostas de atuação nos serviços: “Uma coisa que a UFG está fazendo de diferente em relação a essa questão de drogas e o idoso é juntar esses dois assuntos que as pessoas não gostam muito de conversar, de saber e de tratar.” Segundo ela, os cursos vão promover uma abertura para uma reflexão mais séria e científica sobre o assunto.
Para Tânia Maria da Silva, os cursos ajudarão no debate e na solução de problemas envolvendo a temática
Atenção integral em álcool e drogas
Para inserir os participantes na temática Políticas Públicas no Enfrentamento em Crack, Álcool e outras Drogas, a psicóloga da Gerência de Saúde Mental, da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Fernanda Costa Nunes, abordou todo o contexto de construção das políticas do Ministério da Saúde voltadas a redução do consumo de álcool e drogas. Ela explicou que após duas décadas de mobilização, em 2005, foi criada a Política de Atenção Integral aos Usuários de Álcool e Outras Drogas, que prevê, entre outras coisas, a redução de danos como estratégia de cuidado. “A política prevê que os sujeitos não sejam considerados apenas em seu contexto psiquiátrico, mas também psicológico, social, econômico e político”, disse.
Segundo a psicóloga, uma rede de atenção integral foi instituída para organizar as ações da Política de forma articulada e descentralizada. Ela explicou que o atendimento funciona não só a partir dos serviços de atenção básica à saúde, mas de diversos dispositivos de média e alta complexidade na assistência ao usuário, dentre eles os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Apesar de toda a proposta de ação em conjunto, a psicóloga observou que ainda é um desafio para os municípios conseguirem articular por completo o trabalho em rede, em especial por haver uma demanda muito maior do que os serviços oferecidos.
Fernanda Costa Nunes apresentou algumas políticas públicas para redução do consumo de álcool e drogas
Capacitação para o idoso
No período vespertino, a professora Renata Mazaro e Costa ministrou uma aula com o tema Medicamentos, uso e abuso. Segundo ela, atualmente, há uma carência de profissionais habilitados a trabalharem com o idoso: “Por exemplo, quando um idoso precisa ser medicado e passa a utilizar vários medicamentos, ele acaba sofrendo sobrecarga hepática e renal. Então esse idoso, que já tem um déficit normal do próprio desenvolvimento fisiológico, pode ter sua saúde prejudicada. Mas, muitos não percebem ou não sabem disso. Os profissionais precisam se capacitar”, defendeu.
Professora Renata Mazaro e Costa falou sobre importância da capacitação
Esse foi o primeiro encontro de um curso que será composto por mais nove aulas, com carga total de 80 horas. As próximas aulas vão abordar temas como Alimentação Saudável, Qualidade de Vida, Memória, Demências, Musicoterapia, entre outros. Ao final, cada participante deverá elaborar uma proposta de intervenção a ser aplicada em seu meio social.
Fonte: UFG